quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Participei hoje ao lado do vereador Sena de uma reunião com populares no Bairro São Lourenço. A reunião foi organizada por Nel do Bar, militante do PCdoB, pré-candidato a vereador. O que mais chamou minha atenção foi a disposição das pessoas ali presentes de falar sobre os problemas, não só os do bairro, como também da cidade e da sociedade. Um cidadão questionou, dentre outros, sobre o problema da violência, dando conta de que foram assassinados nas proximidades cerca de nove pessoas nos últimos dias. É obvio que o problema da violência é um dos mais complexos da sociedade brasileira, bem como da maioria dos paises do mundo e não será com soluções fáceis que ele será resolvido. Mas, ouvindo o questionamento e as opniões de Sena sobre o assunto, me lembrei de um texto que recebi no meu email e que reproduzo aqui.

A SOMBRA DA ÁRVORE DO CRIME
Uma árvore nasceu bem no meio no meio de uma comunidade. No início ninguém se importou muito, pois a árvore não incomodava. Com o passar do tempo, a árvore cresceu e seus galhos começaram a fazer uma sombra enorme sobre as casas. As pessoas queriam tomar um banho de sol ou secar suas roupas no varal e não conseguiam por causa da sombra.

A comunidade começou a reclamar. No ônibus, no mercado, no salão, nos bares e clubes só se falava da maldita sombra que perturbava a todos. Alguns grupos organizados passaram a cobrar das autoridades uma providencia, até que a situação se tornou insustentável. Passou até na televisão.

Finalmente, houve uma reunião e as autoridades decidiram enviar uma equipe para acabar com o problema. Essa equipe munida de tesouras enormes, começou a cortar os gravetos que estavam mais salientes, aqueles galhos mais finos que ficavam na parte mais externa da árvore. Não demorou muito e o “problema estava resolvido” O sol agora brilhava sobre os telhados das casas e o povo estava feliz, ninguém mais pensava na árvore. Até que em outra primavera novos gravetos cresceram e a sombra voltou a aterrorizar a sociedade.

É exatamente dessa forma que nossa sociedade combate o crime, a violência e a insegurança. A árvore do crime está bem no meio da sociedade, suas raízes são profundas e seus tentáculos estão instalados nos poderes executivo, legislativo e no judiciário. Está na polícia, nas organizações sociais e nas entidades religiosas. O tronco dessa árvore é rico em corrupção, sonegação, estelionato, tortura e hipocrisia.

Quando a situação se torna crítica e a comunidade exige uma postura das autoridades, a polícia é enviada com seus fuzis para furar o crânio daqueles negrinhos que ficam vendendo sua balinha de maconha nas esquinas das ruas (os gravetos). Os galhos mais grossos protegem o caule. A hipocrisia somada a corrupção, impedem que a raiz da planta seja atingida. O pior disso tudo é que nós, comunidade ficamos felizes quando os exterminadores se apresentam com seu arsenal da morte. Somos incapazes de perceber que eles fazem parte do tronco e jamais irão combater a raiz do problema.

No final, muitas famílias chorarão seus óbitos, outras festejarão a falsa sensação de paz enquanto novos pivetes são alimentados e fortalecidos com o próprio fruto da maldita árvore.


Texto de Ricardo Andrade
Ministro de Comunicação da Posse de Conscientização e Expressão
Militante do Movimento Negro Unificado
Integrante da Campanha Reaja ou será mort@
Componente da Rede Ayie Hip Hop

Lauro de Freitas - Bahia - Brasil

Nenhum comentário: